Não sou cristã. Nem meus pais são muito. Posso dizer que meu deus (ou deusa) é mais palpável, mais visível, mais fantástico e muito mais lindo. Meu deus é aquele que cientificamente e religiosamente criou a vida, criou a nós como somos agora e o deus que tentamos entender.
Estes são meus votos de Natal (cartão natalino chichê).
Mas independente de ter ou não uma religião existe o Natal. Eu comemoro sim, mas não pelas razões cristãs. Não comemoro duas vezes o nascimento de um cara que não tem registro algum. Comemoro aquilo que meu deus me deu: a vida.
Afinal é final de ano, mais um ano. Um ANO. Você ainda tem ideia de quanto é um ano? É tempo, é muito tempo, é tempo de uma vida. Quanta coisa pode acontecer em um ano? Tudo! Absolutamente tudo! E você está aí, vivo, comemorando o Natal. Isso não é absolutamente fantástico? Você está vivo! Por mais um ano!
Por estar vivo, por ter a personalidade que deus te deu, você vive em uma sociedade. Convive com pessoas. Nasce, cresce, se reproduz e morre cercado de pessoas (ou pelo menos três das quatro etapas da vida), cria laços com umas, ama outras nas milhares de formas de amar.
No Natal comemora-se, acima do nascimento do seu J.C., a farta colheita do ano. Ou escassa, dependendo de como você sobreviveu na sociedade durante os 359 dias anteriores. Se faz bastante amigo secreto, troca de presentes, agradecimentos e promessas. Mas isso é o resultado das sementes que você regou durante o ano, esse longo ano que está terminando.
Mesmo não sendo cristã eu comemoro o Natal. Afinal é nessa data que se comemora o que se viveu durante um ano. Comemore suas amizades, suas vitórias, suas alegrias, suas experiências, seus amores, suas descobertas e também as perdas, os sofrimentos e as tristezas. Afinal você está comemorando mais um ano vivo, mais um ano convivendo, mais um ano de colheita, que resulta da experiência de vida de agora. E é essa experiência, esse passado (maravilhoso ou doloroso) que o transformou no que é hoje.
Meu professor de cursinho falou algumas palavras memoráveis ontem, uma pequena metáfora que só um professor de cursinho poderia fazer. Disse ele:
"Durante nossa vida tem pessoas que servimos filé em nosso restaurante e outras que servimos apenas arroz e feijão. Se um dia seu restaurante entrar em crise e passar a servir apenas arroz e feijão, aqueles que sempre comeram filé não voltarão no outro dia, deixarão seu restaurante. Mas aqueles que comem arroz e feijão todo dia não vão se importar, porque eles gostam daquele restaurante mesmo quando o que ele só tem a oferecer é o prato mais chinelão de todos. Essas pessoas que sabem como realmente somos, essas pessoas que nos aturam dia após dia não importa a situação são as que comem sempre o arroz com feijão. Aquelas que mostramos apenas o que temos de melhor são as que se servem de filé. No Natal abrace as pessoas que sempre estão contigo, e que você sabe quem é, pois elas nunca vão te abandonar, e essas realmente merecem. E, pelo menos nesse dia, dê aos clientes do arroz e feijão um dia de filé."
Ok, não consegui reproduzir exatamente as mesmas palavras, a metáfora é dele, afinal. Tenho a impressão de que ele também não usou o termo "chinelão", mas foi o que me veio na cabeça.
Em suma, amanhã é Natal (post adiantadinho, heh), independente do seu credo, do seu país de origem, pais, partido, escola ou cor, comemore amanhã a vida, a sua vida e tudo o que você fez nela. Agradeça aos amigos, aos parentes, aos vizinhos e a todos que fazem parte da sua vida por estar nela. Essas pessoas fazem mais falta do que se imagina.
Um Feliz Natal pra todos :) [← mais clichê ainda]
Meu Deus? Minha Deusa! Acredito na Natureza, e essa deusa não tem ciência ou religião que negue a existência.