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Jovem animada, acha que falta sorrisos e jazz no mundo. "Crianças estão agindo como velhos", diz ela "as pessoas acham que já viram de tudo e perdem as esperanças. Esquecem que os jovens só conseguem fazer revoluções por sua infinita capacidade de tentar, retentar e sonhar". A jovem que tem 21 anos estuda História e Artes Visuais e diz que seu próximo sonho a ser alcançado é poder dar aula.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

I : 4 Noites e 1 Dia em Buenos Aires

A bordo do Fragata A.R.A. "PRESIDENTE SARMIENTO" 
ancorado eternamente como museu no Dique de Porto Madero.
Eu queria ter feito esse post durante a viagem, mas só agora que voltei consegui fazer o Blogger-droid funcionar, então fica pra próxima expedição. Como talvez pouco mais do que poucos saibam eu andei passando um tempo em Buenos Aires, do dia 10 até o dia 14, e cá venho contar minha primeira experiência fora do país!

Salgado Filho > Carrasco > Aeroparque

Meu dia começou na madrugada de terça, na verdade eu não sei direito se começou já que não tenho certeza se cheguei a dormir. Não era bem de ansiedade porque só lembrei disso na hora que o despertador tocou, minha cabeça tava bem cheia mesmo. Era 4 da madrugada quando tocou o despertador e eu comecei a correr - eu tava de pijama, morrendo de fome e o táxi chegaria em uma hora. Bebi um grande copo de Toddy, corri pra trocar de roupa e colocar a meia-calça sem rasgar, verifiquei se o carregador do celular tava na mochila e já tinha acabado o tempo. Ativei o Google Trilhas antes de entrar no táxi, mas ainda não sei como compartilhar a trilha, se alguém tiver alguma noção ficarei gardecida.
Nunca vi a Carlos Gomes tão vazia, deve ter dado só uns 15 minutos até o aeroporto. O taxista tava com a maior cara de sono, tadinho! Mas o Aeroporto Salgado Filho não tava muito vazio pras 5:30 da manhã. A fila pro check-in da Gol tava enorme, isso que tinha uns 5 ou 6 guichês. Por sorte ninguém costuma muito usar uma agência uruguaia, a Pluna, e tinha só um casal na nossa frente. Aí foi aquele drama de o que pode e o que não pode levar na mala de mão, meu desodorante trocou de lugar umas 5 vezes até que meu pai aceitou que ele tem 50ml.
Feito isso ainda tinha uma hora sobrando e o que se faz dentro de um pseudo shopping com uma hora sobrando? Digo, depois de ir no banheiro. Exatamente, vai procurar comida. Antes de sair de casa eu tinha visto uma propaganda dos preços baixos do McDonald's e já tava pronta pra pedir um quando eu olho pro menú e só tem sanduíche. Sério mesmo? O McDonald's do aeroporto só vende sanduíche? Que desaforo. Eu até esperei uma meia hora pra ver se eles iam trocar as propagandas mas ele só apagou as luzes e não ligou mais. Aí pedi apreçada algo no Mc Café, um pão de queijo e um pedaço de torta de mousse de chocolate. Foi gostoso de esperar, foi bem na hora que tava amanhecendo e os vidros do segundo andar são virados pro leste, vi a cidade amanhecer no som nostálgico da Avril de uma das primeiras músicas dela que fez sucesso e que me fez sentir com 13 anos de novo (aquela que o clip é a noite na rua e acho que tava chovendo). Tive que engolir numa mordida a torta que tava ótima mas me fez mal pela velocidade, o pão de queijo que era daqueles crocantes e no ponto ♥
Descemos apressados pra área de embarque internacional, confundimos todas as passagens (eramos em quatro, duas pra ida e duas pra volta) e chegamos na parte de passar pelo detector de metais. E aí foi o escarcel! Então, eu tava usando de bagagem de mão a mochila que eu uso pra ir pra aula e eu uso materiais perigosos na aula e volta e meia preciso transportar isso. Imagina o que foi quando viram isso no monitor que escaneia a bagagem? "Senhora, tem um objeto metálico MUITO pontiagudo na sua mochila e gostaríamos que tirasse", foram umas 4 pessoas, eu mais 3 seguranças, virando minha mochila até achar o buril. É uma ferramenta de entalhe pra xilogravura caríssima - mandada pro lixo. Não bastasse o buril ainda tive que tirar a bota "porque tem metal em alguma parte dela".
Aí foi a fila simpática de 15 minutos em pé pra passar pela imigração brasileira com crianças chilenas chorando, mostrei meu RG e fui pro banco. Meus pais tiveram que passar juntos com a minha irmã porque ela é de menor e minha mãe é claro que não perdeu a chance pra tirar sarro da cara dela - as vezes minha mãe consegue ser mais infantil que minha irmã. Esperamos o povo que ia pro Rio embarcar e sumimos no finger da Pluna. Era um jato pequeno, dois lugares de cada lado, teto pequeno que me fez bater a cabeça umas mil vezes e corredor estreito. Fiquei frustrada com o tamanho das janelas, não dava pra ver nada, não dava aquela sensação de estar realmente voando, sabe? Ficamos uns 15 minutos ali parados até o avião começar a dar as mil voltas deles e sair do chão.
Desde sempre eu ouço que a sensação de decolar e de aterrissar num avião são horríveis, que as pessoas odeiam e é nauseante. Seus mentirosos! É a melhor sensação do mundo! O dia tava ótimo, o clima tava perfeito e praticamente não tinha nuvens no céu, ficamos entre as cumulus e as cirrus, foi absolutamente fantástico! Minha irmã me perguntou se nós estávamos realmente acima das nuvens "mas ali anda tem nuvem, ó" sem entender que existem diferentes níveis de altitude pras nuvens. É incrível como mesmo as montanhas que outrora tu julgou enormes pareciam maquetes pela janela, é tu, as nuvens, uns riscos de estrada, arroz pra todo o lado que tu olhasse e um cara no banco do lado assistindo The Big Bang Theory no iAlgumaCoisa dele. O que inevitavelmente chamou mais a minha atenção do que não saber onde está. Lá pelas tantas tinha um troço enorme e branco no horizonte que eu achei ser a cidade, mas foi chegando mais perto e na verdade era a vista mais fantástica possível de nuvens!
Aeroporto Carrasco - Montevidéu
Quando eu pensei "a gente deve estar saindo do Rio Grande do Sul por agora" eu vi um aglomerado gigante mais pra frente, começou a vir casas e mais casas e eu senti perder altitude. Logo o piloto anunciou (em inglês e espanhol, só) que a gente tinha chegado em Montevidéu e iriamos pousar dentro de 5 minutos. O avião então fez uma curva tonteante e começou a perder altitude e a perder e SOS! Passamos por lugares lindos, praças maravilhosas, praticamente todas as quadras eram perfeitamente quadradas, a medida que eu achava que o avião iria pousar nos telhados as casas foram ficando mais simples, e mais e mais, até que eu achei que o avião tinha estacionado em cima de um barraco de madeira e teto de plástico de lixo. Minha mãe disse que o aeroporto Carrasco tem o formato de um olho, do meu lado não dava pra ver mas eu confio na arquiteta.
Saímos, passamos novamente pelo pitinho de metal e novamente tirei minha bota e saímos direto e dentro do FreeShop de Carrasco. Sabe aqueles perfumes todos que tu vê nas propagandas dos canais pagos? Então, eu cheguei e dei assim, logo de cara no 212 VIP e no 1 Million. Confesso que fiquei meio intimidada com aquilo, eu tava louca pra passar no pulso mas não sabia se os perfumes tavam ali só pra exposição ou eram provadores. Mas não deu muito tempo de curtir, o avião pra Buenos Aires iria nos chamar em menos de meia hora, atravessamos o FreeShop e fomos no banheiro, banheiro daqueles sacanas de todo o tipo! Pra começar a descarga era automática, quase fiz xixi de novo com o susto. Depois que a entrada pro feminino fica exatamente de frente pra a do masculino, a quantidade de gente saindo do banheiro e entrando no outro deve ser enorme! Eu quase caí nisso, o resto da minha família toda caiu.
Quando eu tava pra reclamar de fome (mas a gente não tinha peso uruguaio) a mulher do auto-falante chamou nosso voo e só descemos o finger pro avião. Aí te juro que deu uns 10 minutos do avião rodando pra lá e pra cá na pista antes de levantar voo.
O Voo até o Aeroparque foi bem mais rápido, meia hora por aí. Consequentemente o avião não subiu tanto, ainda dava pra ver os carros se movimentando. Ele atravessou o La Plata, foi pra terra, voltou pro mar e seguiu costeando até a cidade de La Plata onde ele deu desnecessários 360° que me fizeram ficar tonta antes de anunciar perder altitude e ir pra Buenos Aires.

Mi Buenos Aires Querido

A primeira impressão que eu tive de Buenos Aires foi que a cidade era infinita. Ainda no avião não importava pro lado que eu olhasse eu via cores urbanas até o horizonte mais distante que eu conseguia enxergar, fiquei abismada com o tamanho da cidade! Por ter olhado antes no mapa eu sabia que infelizmente não iria conhecer nem 1/4 dela.
Acho que eu tinha uma noção meio distorcida de o que é uma capital. Primeiro por morar num país onde a capital foi completamente planejada e estruturada, num lugar em que parece que as pessoas só decidem morar pelo trabalho porque todos sabem que não se tem muito no meio do país a não ser calor. Segundo por morar numa capital estadual, eu já tinha noção de que Porto Alegre era pequena comparado a por exemplo São Paulo e Rio que devem ser no mínimo umas 10 vezes maiores, mas eu não tinha noção de como seria isso visto de um avião! Era cidade pra TODO o lado, até além que a minha vista alcançava! Achei curiosíssimo também que as quadras, assim como em Montevidéu, eram quase quadrados perfeitos. Existiam poucas quadras na diagonal e lembrei daquele papo quem em NY as ruas são todas seguindo paralelos e meridianos. Fiquei meio de birra quando percebei isso, afinal que graça tem uma cidade que tu não pode te perder?
Dessa vez entramos num ônibus que andou aproximadamente 10 metros pra nos deixar na frente da entrada pra imigração. Ali a sala da imigração se dividia pros argentinos e pros imigrantes, tinha três guichês pra uns 150 imigrantes na fila e 6 guichês pros 15 argentinos que tinham acabado de chegar. A fila era ENORME e parecia muito infinita, acho que ficamos 45 ou 50 minutos de pé na fila. O sono e a fome começaram a me bater, eu tava matutando que pelo menos já eram 11:30 e iríamos sair e ir direto pra um restaurante quando TCHAM-RAM, Buenos Aires não tem horário de verão. Eram 10:30.
Eu fiquei preocupada com a bateria do meu celular e tive adrenalina suficiente pra aguentar as últimas duas voltas da fila sem me apoiar nos pilares e pestanejar. Passei no guichê que os brasileiros da minha frente tinham acabado de deixar, mostrei meu RG e foi super tranquilo - mas confesso que eu tava meio nervosa por causa do buril sei lá, achei que iam me marcar por isso!
Fui no banheiro que não puxava a descarga sozinho e era mais sujo e nojento que banheiro de rodoviária, peguei minha mala e saímos do lugar. No hall tinha um monte de gente com plaquinhas de nomes e eu fiquei me imaginando chegando em Dublim e ter uma família com uma plaquinha com meu nome me esperando, deve ser muito fantástico! Não demorou muito a mulher da CVC veio nos encontrar e conseguimos entrar tranquilamente na Dublô que nos levou pro hotel enquanto o pai reclamava que a água custava 15 pesos.
O preço não era algo normal, descobri falando com o motorista. Antigamente o peso era baseado na cotação do dólar, mas hoje a inflação é o que controla o peso, o taxista realmente parecia indignado com o preço da água. Enquanto isso passávamos pelo pedágio obrigatório pra qualquer um que vai pro aeroporto (que dava pra ver do avião, também) e entrávamos na avenida mais larga do mundo, a 9 de Julho.

Demonstração de como não fazer uma foto panorâmica, feita por Melin. Reparem que o pessoal da esquerda sai
do ar! Que o moço de camisa amarela aparece três vezes e que a avenida tem 4 pistas com 4 faixas cada!!
Mas eu acho que a largura nem é tão atrativo da avenida, sinceramente. Afinal os dois canteiros no meio da avenida não te faz ter a impressão que ela é tão larga assim, tu só repara quando chega no obelisco (aquela torre gigante no meio da avenida na foto panorâmica acima no canto direito) já que tem um cruzamento. O que realmente me chamou a atenção foi a fantástica forma publicitária que eles solucionaram pra avenida. Praticamente todo o prédio tinha um outdoor enorme sobre ele, os hotéis tinham só o número do hotel, outros tinham diversos tipos de publicidade as vezes até de LED, animados. Tinha inclusive um cartaz do "Brazil te llama".
9 de Julho (Nueve de Julio) é a data que a Argentina saiu da casa dos pais espanhóis, dia da independência argentina (1816) e foi a data escolhida pra levar o nome da avenida planejada pra resolver os problemas de trânsito da capital. Por incrível que pareça ela é super tranquila de se dirigir e de se atravessar como pedestre, é uma avenida simples e sem grandes planejamentos apesar da largura mas que deu muito certo! No meio dessa avenida tem o Obelisco registrando a história da avenida (que acabou virando símbolo da independência argentina assim como outros obeliscos são outros tipos de símbolos ao redor do mundo, como os obeliscos dourados franceses) e um pouco mais atrás tem o prédio do antigo ministério de obras públicas, atualmente o Ministério da Saúde com a cara da Eva Peron registrada de ambos os sentidos da avenida. Essa cara da Evita foi um pouco polêmica, por causa da ditadura o povo argentino não é lá muito fã dos Peron e ficaram meio indignados da decisão de colocar a cara da mulher bem no meio do maior orgulho de Buenos Aires. O motivo foi que, amando ou odiando a Evita, ela inevitavelmente foi a mulher mais importante da história do país. O artista fez duas esculturas, a que aparece pra quem vem do porto e desce a 9 de Julho é a cara da Evita brava e furiosa com os políticos, do outro lado do prédio é a Evita sorridente para o povo pobre que ela tanto se dedicou a cuidar.
Logo em seguida o táxi virou em uma rua "à esquerda do obelisco" (nessa parte mais central da capital é fácil se orientar pela 9 de Julho e pelo obelisco que cortam a cidade bem no meio) e algumas quadras depois chegávamos no hotel.
Evita feliz!
Evita brava discursando!
(pra mim ela parece cantando
tri de boa, mas né)
Acomodamos nossas malas nos nossos quartos (com aquele chiquê todo de porta com cartão eletrônico mas as paredes ainda usavam papel de parede velho e o carpete tava todo mofado, obviamente eles fizeram o possível pra acompanhar as exigências de um bom hotel tentando preservar a luxúria dos anos 60 e 70 quando o hotel devia fazer sucesso, mas deixava a desejar) e fomos até a esquina que foi o primeiro restaurante que encontramos. A única coisa que eu entendi do cardápio foi "patata", e como não tem como algo de batata ser ruim pedi aquele prato. Me veio três filés com um molho super gostoso e purê de batata (minha irmã pediu "o mesmo que ela"). Fiquei meio indignada que NÃO TEM COCA ("pode ser Pepsi?") naquela cidade, só nos bares mais famosos como Burger King e McDonald's, de resto tu tinha que comprar nos mercados. Obviamente também não tinha Guaraná ou Kuat (que são produtos quase exclusivamente brasileiros) ou Sprite ou coisa parecida, o "refrigerante de limão" que tinha era o 7up. A gente não sabia como pedir a conta e ficou fazendo mímica, só aí que a gente foi começar a ter contato com o idioma e se perguntar como raios nós vamos pra outro país e não levamos um guia básico de conversação junto.
Depois demos uma volta na quadra e entramos num mercadinho pra comprar acessórios básicos de sobrevivência feminina, como shampoo (o meu tinha acabado então nem levei) e absorvente. Eu não tive como não rir das adaptações argentinas pra marca que nós conhecemos, a Seda por exemplo era Sedal, o Trident era Beldent. E por aí foi mil marcas que me fizeram rir no mercado! O mais importante que era uma tesoura (as malas foram lacradas em Porto Alegre) e um T/adaptador de tomada mercadinho não tinha, nenhum mercadinho tinha, aliás.
Eu cheguei no meu quarto e dormi das duas até as sete, fiquei apavorada! Pretendia dormir só até as 5. Acordei e meu celular tinha descarregado completamente e as tomadas do hotel eram todas com as novas medidas de segurança que não encaixavam o meu carregador, daí enquanto eu esperava meus pais também acordarem fui pro computador do hall pesquisar como se pedia a conta e tentar me achar no google maps. Assim que meu pais apareceram por lá (sem minha irmã que tinha virado a noite arrumando a mala) nós saímos com um mapa na mão pra jantar e ver os preços das malas, até então nós esperávamos que tudo fosse mais barato pela cotação do peso - mas o peso é tão desvalorizado que não foi bem assim.

Rebaja de Tabu!

O negócio era o seguinte, meus pais tinham comprado na promoção do Carrefour uma mala grande que vinha mais duas malas menores dentro. Só que essas malas são pra uso de no máximo duas pessoas, a grande se coloca as roupas, a média os acessórios de banho e na menor vai os calçados. Meus pais dividiram a grande e como entre eu e minha irmã eu sou mais organizada pra isso e tenho menos necessidade de ficar levando roupas eu acabei ficando com a menorzinha. Eu levei no máximo 10 peças de roupa (pra 5 dias) e a mala tava lotadíssima. A desculpa dos meus pais foi que nós compraríamos uma nova em Buenos Aires porque seria mais barata - doce ilusão.
Nosso hotel estava a uma quadra de outra avenida super importante da cidade, a Corrientes. Assim como todo o resto da cidade aquela avenida tinha prédios bem do estilo neoclássico com umas grades meio barrocas em cada uma das janelas (tipo os prédios antigos que ainda se encontra no centro de Porto Alegre, só que mantidos na cor BRANCA que é a original dele, não rosa como fizeram na Casa de Cultura) ao mesmo tempo que conseguiam conversar bem com prédios novos e mais contemporâneos. A avenida é importante por ser o maior ponto cultural da cidade - e nossa! Concordo plenamente!
Eu costumo dizer que o maior incentivo cultural que a prefeitura de Porto Alegre já deu pra cidade foi colocar a plaquinha na rua do Brique da Redenção, sempre ouvi dizer que do Rio o pessoal tem que comprar as entradas com uma semana de antecedência porque na hora não tem mais e sempre fui intimamente apaixonada por isso, já que praticamente nem teatro tem em Porto Alegre e ninguém fica passivamente sabendo da agenda cultural da cidade. Bom, nas sete quadras da Corrientes eu eu andei eu passei por pelo menos 5 teatros e 3 cinemas, sem contar o passeio La Plaza que tem 5 salas de cine-teatro. SETE quadras. A avenida era cheia de gente, quando mais a noite, mais gente! E as peças eram super bem publicadas, os outdoors pras peças eram enormes, as vezes do tamanho da faixada, eram tão bem feitos que tu tinha que olhar na agenda pra ver se não era um filme hollywoodiano aquele cartaz. O cartaz de Hamlet foi um dos que mais me surpreendeu, parecia um outdoor do Telecine! E sim, todos esses cinemas e teatros eram usados e lotados, foi lindo de ver!
Um dos prédios da Corrientes. Aliás, jantei
naquele restaurante ali!
Mas o principal fato cultural que me chamou a atenção na cidade foi o jeito que eles lidam com o tabu do sexo. Ou melhor, que eles não lidam. Claro que eles ainda consideram algo íntimo, mas comparado ao Brasil eles praticamente não tem tabu quanto a isso! É sensacional! Por exemplo, um desses cartazes enormes de teatro que tinha por toda a extensão da Corrientes e outras avenidas importantes era a do espetáculo "As Quatro Bundas" que mostrava quatro mulheres de (lindas) lingeries. As Sex Shops não se escondiam, faziam a sua propaganda como qualquer outro tipo de loja, propagandas enormes, coloridas e mostrando tudo o que se tem direito. Os bordéis, inclusive, faziam o mesmo tipo de propaganda tranquilamente e as pessoas não tinham vergonha em parar pra olhar e selecionar os cartazes. Claro que tinha gente que não gostava, uma vez eu segui o caminha atrás de uma velhinha que arrancava todos os folhetinhos de prostíbulos grudados no orelhão, foi bem engraçado!
Mas de modo geral eles consideram isso bem menos tabu. Imagino que parte disso venha da cultura do tango deles que no início era uma dança marginalizada e proibida no país. No Brasil a gente acha o tango super lindo e quente e até estranha ouvir isso, mas no começo o tango era uma dança de rua que homens dançavam com homens porque as únicas mulheres que aceitavam dançar o tango eram as prostitutas. Entende agora? Não é por nada que a gente acha uma dança tão caliente. Tanto que é um marco histórico da cidade o primeiro teatro que aceitou colocar bailarinos de tango pra exibição do público nobre - causou polêmica, afinal a bailarina com aquela roupa degotada era ou não era uma prostituta? Se pode mostrar algo com uma conotação sexual tão óbvia assim nos grandes palácios do teatro?
É engraçado que apesar de eu ter notado muita semelhança entre o gaúcho argentino e o brasileiro, lá eles não tem toda essa pose de machão. Não que eles não sejam, mas não faz parte da cultura deles a necessidade daqui de "fazer coisas de homens", como por exemplo os cumprimentos - todos se cumprimentavam com beijos na bochecha, homens, mulheres, crianças e velhos. Os turistas ficaram espantados vendo dois homens se cumprimentando com os beijos da sogra, mas isso é algo obviamente normal pra eles. Eu fiquei fascinada com isso!
Depois de atravessar toda a Corrientes e ir até a Florida e voltar meu pai comprou McDonald's pra mim que morria de fome. Fiquei irritada por estar na Argentina e meu pai só querer me pagar um BigMac, aliás, de 47 pesos. As malas médias, falando nisso, eram 450 pesos a mais barata.
Nisso eu fui pra casa e fim do meu primeiro dia em Buenos Aires! Deitei naquele colchão de molas super confortável e apaguei.



Fotos:
Aeroporto Carrasco: http://www.urbanity.es/foro/infraestructuras-inter/1152-montevideo-nuevo-aeropuerto-carrasco.html
Evita feliz: http://noticierostelevisa.esmas.com/internacional/313481/
Evita brava: http://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Eva_Per%C3%B3n_en_el_edificio_del_Ministerio_del_Trabajo.jpg
Av. Corrientes: http://airesbuenosblog.com/2011/06/

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